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Saiba o que é o slow living e porque está na moda

6 de Junho, 2023

Slow living traduz-se, literalmente, como viver devagar. Numa era em que a informação atravessa o mundo em frações de segundo e em que a inteligência artificial se apronta a apresentar soluções, a constante pressão para obter resultados e a pressa com que a vida se desenrola levam muitas pessoas à exaustão. Saiba porque é que, neste contexto, há cada vez mais adeptos do abrandamento como modo de vida.

Vivemos num tempo em que tudo é rápido – ter o jantar na mesa ou conhecer alguém novo está à distância de um clique, compramos e recebemos roupa, tecnologia, mobiliário, produtos de primeira necessidade e outros não tão essenciais sem sair de casa, o desempenho profissional é valorizado em termos de proatividade, assertividade e multitasking, e a inteligência artificial assume-se como uma resposta pronta até para as questões que nem sabíamos que tínhamos, entre tantos outros exemplos de como a vida da sociedade decorre a um ritmo cada vez mais frenético. À mesma velocidade surgem os danos extremos desta pressão, e a palavra burnout é uma sombra negra a pairar sobre a cabeça de muitos.

Neste contexto surge também o movimento reverso, e cada vez mais pessoas advogam a importância de apreciar cada momento, vivendo com genuína apreciação pelo que a vida nos concede – e com profundo respeito pelo nosso ritmo de vida pessoal, um compasso muito individual e que é diferente para cada um de nós

O slow living surgiu como na década de 80, em Roma, Itália, inicialmente como oposição à fast-food. O movimento slow food foi criado por três jornalistas e ativistas políticos como manifestação contra a abertura de um restaurante pertencente a uma das mais conhecidas cadeias de fast food no centro histórico de Roma. O slow food defende a apreciação demorada da boa comida caseira, consumida sem pressa. Gradualmente este movimento foi ganhando cada vez mais adeptos e estendeu-se a outras áreas da vida, tornando-se no slow living.

 

Em que consiste o slow living?

 

- Desacelerar. Viver cada momento com consciência plena no presente, com atenção ao que fazemos, ao que sentimos, ao que nos rodeia e ao que se passa dentro de nós. Não se trata de fazer as tarefas devagar mas, sim, de aproveitar melhor o tempo, de forma a equilibrar melhor a vida pessoal e a vida profissional e fazer escolhas conscientes que nos ajudem a perceber quando é que realmente é preciso ser rápido e quando é que só o fazemos porque a sociedade assim nos parece obrigar.

- Respeitar o nosso tempo pessoal.

- Viver com simplicidade.

- Fazer escolhas conscientes.

- Tomar decisões ponderadas.

- Reconhecer as dádivas que temos.

- Agradecer por elas.

- Ter autonomia na gestão do nosso tempo.

- Viver com calma.

 

Mas, poderá perguntar-se, como é que o slow living se conjuga com prazos para cumprir e tarefas que têm de ser feitas?

Através de uma gestão individual consciente. Claro que todos temos responsabilidades que nos obrigam a dar respostas rápidas. A menos que vivamos em retiro, dificilmente conseguimos apreciar todos os momentos do nosso dia. No entanto, temos um poder de decisão muito maior do que, muitas vezes, conscientemente reconhecemos em nós, que nos permite decidir como usar o nosso tempo pessoal:

- Passe mais tempo offline. Desligar a Internet no seu tempo livre liberta-o das notificações, mensagens, e-mails para responder, da curiosidade ou do simples ócio, dando-lhe tempo para desfrutar de si próprio e da companhia das pessoas que ama, descobrir outros passatempos e interesses.

- Desfrute do prazer de cozinhar. Se não gosta de cozinhar, aprecie o sabor dos alimentos naturais, da fruta, dos legumes, peça a alguém querido que cozinhe para si uma refeição caseira ou vá a um restaurante que não seja de fast food e deguste aquilo que está a comer.

- Faça caminhadas ao ar livre, sozinho ou com uma pessoa querida, em vez de se fechar num ginásio cheio de máquinas onde tudo o que faz é contado e onde é constante a pressão para alcançar metas e resultados.

- Dedique-se a passatempos manuais. Bricolage, pintura, restauro de móveis, bordar, jardinar… há inúmeras tarefas que nos faziam companhia antes da era digital e elas são, na verdade, ferramentas essenciais para descontrair e permitir que a nossa criatividade flua livremente.

- Dentro do que lhe for possível no seu trabalho, aposte mais na qualidade do que faz do que em resultados rápidos. Nem todas as profissões ou empregos permitem esta gestão do tempo, mas lembre-se que, fora do horário de trabalho, continua a ter uma vida pessoal que pode e deve viver ao seu ritmo. No trabalho, procure sempre definir prioridades e não se culpabilize por ser humano.

- Consuma de forma mais consciente. Compre aquilo de que realmente precisa e aprecie o que compra. Reutilize recursos, recicle, compre em segunda mão. Poupe o ambiente.

- Dedique-se de forma mais presente às relações pessoais. Cultive as amizades, telefone a um amigo e pergunte-lhe como está, visite os seus familiares e expresse o seu afeto por eles, desligue o telemóvel ou mantenha-o dentro do bolso quando está com os seus amigos ou com a sua família. Acima de tudo, oiça os outros com total atenção quando está com eles, nutra as relações que lhe são queridas dedicando-lhes tempo e afeto.

- Explore mais os seus sentidos, dedique mais tempo a observar, cheirar, ouvir, saborear, tatear, conhecer.

- Leia livros em vez de ler online.

 

Integre estes e outros princípios no seu dia-a-dia, dentro do que fizer sentido para si. Acima de tudo, aprenda a conhecer o seu ritmo e não se sinta culpado por passar tempo a, simplesmente, desfrutar da dádiva da vida, sem estar a fazer alguma coisa, sem estar a produzir. Paradoxalmente, perceberá que esse tempo é terreno fértil para que, quando está a desempenhar tarefas, seja muito mais eficiente e produtivo.

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