Há quem diga que a gordura visceral é a mais difícil de combater e há quem diga que é a mais prejudicial para o organismo. Uma coisa é certa: gordura visceral quando chega, vem para ficar! De facto, a maior parte das mortes no mundo são causadas por doenças cardiovasculares (AVC, enfarte, hipertensão arterial sistémica e suas complicações), endócrino-metabólicas (diabetes e suas complicações) e cancro.
Regra geral, o cerne do problema reside na alimentação pouco saudável, rica em gordura e açúcares. Há pessoas com excesso de peso e saudáveis, bem como o oposto, pessoas magras com excesso de gordura visceral. Na verdade, a gordura sob a pele é bem menos preocupante em termos de saúde do que aquela que circunda os órgãos e músculos.
Uma bomba-relógio
Dizem os entendidos que a gordura visceral é a gordura na cavidade abdominal, a gordura da barriga, que apresenta as maiores complicações. Trata-se da gordura que se acumula nas camadas mais profundas da região abdominal, envolvendo os órgãos internos, como é o caso do coração, do fígado, do estômago, dos rins, dos intestinos e do pâncreas.
A sua principal função é proteger os órgãos do aparelho digestivo, mas o problema é quando o nível de depósito dessa gordura ultrapassa os limites. O perigo da obesidade visceral está na sua associação direta com outros fatores de risco cardiovasculares, entre eles a hipertensão, a diabetes e a dislipidemia. A acumulação dessa gordura corporal é realmente relevante e a gordura visceral parece ser o elo entre o tecido adiposo e a resistência à insulina. Atualmente, sabe-se que existe uma predisposição genética paralela à resistência insulínica e à hipertensão, já presente em indivíduos pré-hipertensos e hipertensos não-obesos. Por outro lado, também se demonstra uma determinação genética no padrão de deposição de gordura visceral.
A gordura visceral pode causar problemas como:
- Agravamento da sensibilidade à insulina na célula muscular;
- Diminuição na extração hepática de glicose e insulina;
- Aumento da gliconeogénese e da produção de lípidos a nível hepático (VLDL-triglicerídeos);
- Diminuição da secreção pancreática de insulina.
Além disso, haverá aumento da fração de LDL pequenas. Por seu turno, contribuirá também para a deficiência na sensibilidade à insulina e para a diminuição do fluxo na musculatura esquelética causadas, por sua vez, por alterações estruturais e funcionais ligadas ao:
- Tipo de musculatura, que se mostra menos vascularizada em obesos viscerais;
- Ao aumento da reatividade vascular, por sua vez vinculada a alterações tróficas, disfunção endotelial, alterações iónicas e ativação do sistema nervoso simpático na musculatura esquelética, todos ligados à obesidade.
Uma alimentação saudável e equilibrada é essencial para a manutenção da boa saúde e evitar doenças. Em caso de dúvidas, converse com o seu médico ou farmacêutico.
Conteúdo do livro “Coleção Aprenda a Cuidar de Si – Jovem depois dos 40: Viver mais e com mais qualidade”, Bliss-Repger, 2017.