As férias são, para a grande maioria das pessoas, o período do ano mais aguardado. Estar com as pessoas que ama, mudar de ares, não ter de cumprir tarefas nem de lidar com chefes e colegas complicados são alguns dos motivos pelos quais estar de férias sabe tão bem. Mas a importância das férias vai muito além do lazer – não ter o devido tempo de descanso pode trazer sérios danos à sua saúde – saiba porquê.
Portugal foi considerado o país da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) com um risco mais elevado de burnout – exaustão mental causada pelo excesso de trabalho ou pelo stresse associado ao desempenho profissional.
O nosso cérebro está sempre em atividade e a processar informações – por esse motivo, é essencial dormir todas as noites por tempo suficiente e em condições adequadas, para que ele possa regenerar-se e recuperar do desgaste do dia. Mas, sobretudo com o estilo de vida atual, em que ao longo do dia respondemos a muitos mais estímulos do que faziam os nossos antepassados, mesmo quando não estamos a trabalhar, a atividade cerebral e o stresse atingem valores muitíssimo mais elevados. Mesmo que se sinta feliz no seu trabalho, que desfrute de um bom ambiente laboral e que retire grande satisfação pessoal do que faz, é essencial que se retire durante algum tempo, para que o seu cérebro possa descarregar da tensão acumulada e restabelecer o seu equilíbrio e para que o seu organismo se recupere do cansaço e do desgaste.
Não é estranho, hoje em dia, “levar trabalho para casa”, mesmo estando de férias. No entanto, mesmo que se trate de “apenas” atender um ou outro telefonema ou responder a e-mails, o facto de estar num estado de constante alerta a possíveis informações e de ter de tomar decisões para encaminhar o que lhe disseram, faz com que o seu cérebro continue sempre num estado de ação que, a médio e longo prazo, provoca danos a nível cerebral, já que há alterações químicas que afetam a capacidade de os neurónios transmitirem informação. Já reparou, certamente, que após uma noite sem dormir tem muito mais dificuldade em raciocinar do que se tiver dormido bem toda a noite.
O cansaço acumulado conduz a problemas no cérebro, mas também no coração, afetando todas as funções vitais do organismo.
Quando vivemos num estado continuado de stresse – mesmo que gostemos muito do que fazemos – a ansiedade e, até, a depressão, podem aproximar-se de nós sem que nos demos conta. É que o cérebro também tem prazos a cumprir e limites que é necessário respeitar.
O stresse crónico manifesta-se, a médio e longo prazo, também por perdas na capacidade cognitiva, nomeadamente falhas de memória e dificuldades de concentração, para além de perturbações no sono, as quais geram problemas graves. Outros problemas de saúde que surgem como consequência do stresse prolongado são acne, alergias, problemas de pele, dores crónicas, dores de cabeça e enxaquecas, infeções constantes causadas por um sistema imunitário fragilizado, doenças crónicas, problemas digestivos, entre outras.
Esta situação é ainda mais alarmante se trabalha por turnos, o que faz com que seja mais difícil para o seu cérebro restabelecer-se, visto que não obedece sempre ao mesmo horário de atividade/ descanso.
É imprescindível parar durante algum tempo e interromper totalmente as funções que desempenha para conseguir “desligar” realmente do trabalho. Fazer férias ajuda o seu cérebro a recuperar o equilíbrio e a ganhar motivação, aumentando a sua produtividade. A imaginação precisa de tempo e de espaço para se manifestar – o que se torna difícil se estamos sempre a cumprir tarefas. Para além disso, o cérebro precisa de estímulos novos para manter-se ativo e, nesse sentido, quebrar rotinas, explorar outros lugares e estar com pessoas diferentes é vital para conseguir dinamizar a sua mente. Partilhar momentos felizes com as pessoas que ama contribui também, a nível químico, para a libertação de hormonas que produzem bem-estar e reforçam a segurança pessoal e a autoestima.